A Verdade Dói
08 Mar - 28 Abr 2024
10:00
Centro Multimeios de Espinho
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O Município de Espinho, no âmbito do Plano Municipal para a Igualdade e Não Discriminação do Concelho de Espinho pretende assinalar o Dia Internacional das Mulheres com a inauguração da Exposição "A Verdade Dói".
Esta é uma exposição-instalação de 28 pares de sapatos de mulheres vítimas de violência doméstica e de género e cujos testemunhos das situações de violência vivenciadas acompanham cada par de sapatos, quer irá ser inaugurada a 8 de março pelas 10:00, no Centro Multimeios de Espinho.
Esta exposição do Museu do Calçado de S. João da Madeira está em itinerância pelo nosso concelho até ao dia 28 de abril de 2024.
Exposição a Verdade Dói
A exposição-instalação "A Verdade Dói" dá voz a inúmeras mulheres que viram as suas vidas destroçadas por atos de violência. A violência contra as mulheres é uma das mais transversais à História e sociedades do mundo, atravessando classes sociais e idades. São muitos e diversos os atos profundamente violentos aceites como a mutilação genital ou o tráfico sexual e que, por pressões sociais, continuam a ser praticados. Muitas vezes justificados por tradições culturais, dogmas religiosos ou relações de poder instituídas, são atos de violência contra as mulheres que acabam, em muitos casos, em tolerância e até impunidade para com os agressores.
Apontadas pela sua falta de decoro, culpabilizadas pela forma livre como se vestem, acusadas de provocação, pressionadas a reduzirem os seus contactos sociais, alvos de acusações infundadas, objetificadas pelo seu género sexual, estas mulheres sentem-se derrotadas, inúteis, sem saída. A partilha das suas histórias, dos momentos mais negros que viveram e das experiências de superação servem, assim, de alerta e motivação para que estes casos não se voltem a repetir, para que sejam levados à justiça e não fiquem escondidos sob uma nuvem de vergonha e constrangimento. A verdade dói! Falar é reviver tudo o que aconteceu, mas é também um ato de coragem e um primeiro passo para o processo de cura.
E o silêncio de quem também partilha destes problemas, não sendo vítimas diretas, tem de deixar de existir. A violência contra a mulher é um problema global e Portugal não é exceção.
Os números são assustadores quando se anuncia que, em 2023, se reportaram mais de 30 mil casos de violência doméstica. Imagine a que valores se chega ao somar os da violência de género, da obstétrica, da sexual, da psicológica, da financeira, do tráfico de mulheres, do assédio sexual e moral, da perseguição e bullying e de qualquer outra forma comportamento abusivo. Esta é, pois, uma realidade que tem de ser rapidamente eliminada. Assim, mais uma vez, o Museu do Calçado assume-se como meio transmissor desta mensagem fazendo um alerta e uma homenagem às vítimas de violência de género. Calce um par destes sapatos e deixe-se sentir... e imagine se um dia, este mesmo par não poderá, também, vir a contar a sua história a outra pessoa.
Estes não são os sapatos das vítimas aqui representadas mas servem para que todos e cada um de nós percorramos, simbolicamente, o caminho destas mulheres. O seu vermelho é a cor do feminino e do amor, mas também do sangue e da vida que aqui se encontra interrompida e adiada para um futuro incerto.
Como diz Léa, O sonho é uma das primeiras coisas que se perde... e sonhar é fundamental para se viver.
Museu do Calçado